sexta-feira, novembro 08, 2013

2

     Ela estava sem ventilador então dormia com as janelas abertas. Todos os dias. Nesse calor que é o Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, janelas com grades. Abriu os olhos e viu um homem olhando pra ela do terraço do vizinho. O susto, que é pânico pontual. Queria gritar, correr. No mínimo acordar. Claro, não dormia direito a duas noites seguidas afundadas no corrosivo vício. O ocorrido era um pesadelo afundando em outro pesadelo, um coma. Raciocinava em pânico e não conseguia se mover, nem voz tinha. Mente acordada, corpo dormindo. Deslindando, coma. Deve ser assim estar em coma, pensou. Seria a ansiedade dela? Ela não costuma ter problemas pra dormir, dorme que é uma beleza. Mas naquela noite pelejou. Não dormia. Que contradição! Tudo que ela queria há uma hora atrás era dormir e quando conseguiu, queria acordar. Finalmente! Correu em desespero para o banheiro. Seu totem é água gelada na cara. Pra confirmar que não é um pesadelo ainda. Respiração ofegante e alívio: acordada estava. 


sexta-feira, outubro 25, 2013

1

Achei que esse momento não fosse acontecer. Muita vontade de escrever e nenhuma caneta. 
Ela gosta assim, papel e caneta. Nada de computador, digitado, não. Bem no meio do engarrafamento na Vila e ela futucando a bolsa a procura de um papel, papel é difícil de achar, não caneta. Só no engarrafamento pra escrever. Escrever vem junto de ler e ler em ônibus a deixa enjoada.


sábado, junho 22, 2013

a parte pelo todo












(todas as imagens foram retiradas do site weheartit.com)

sábado, março 09, 2013

09032013


Hoje não tem foto, não tem ideia da vez, não sei o que tem.

Tentar, chorar, por quê, tentar

Minha cabeça está tão enrolada com seus pensamentos como meus hormônios estão para minha menstruação. A cada mês. A cada dia.
E essa não é uma boa comparação. Mas não quero me importar agora.
Só quero colocar para fora. Fora tudo que não me deixaram falar. Não quiseram me ouvir.
Porque vivo reclamando. Quando não quero reclamar (necessariamente) não rola.
Como a velha história do mentiroso que quando resolveu falar a verdade não acreditaram nele.
E esse espaço sempre me serviu pra isso. Desabafar.

Cada sussurro
De cada hora acordado
Estou escolhendo minhas confissões
Tentando ficar de olho em você
Como um tolo magoado, perdido e cego
Oh, não, eu falei demais
Eu causei tudo isso

Como posso lutar contra a tristeza? E só de pensar em como sou fraca em relação a tristeza, me deixa mais triste.
Num dia estou achando que vou mudar de ideia, me casar um dia e ter filhos. No outro vejo como isso tropeça no caminho.

Aquele sou eu no canto
Aquele sou eu sob os holofotes
Perdendo minha religião
Tentando te acompanhar
E eu não sei se eu consigo fazer isso
Oh, não, eu falei demais
Eu não disse o suficiente

E fico assim. Sem saber o que falar, o que fazer, como agir. Algemada. Ou com tantos braços desengonçados. Uma foto sem foco. Um drama francês. Como eles penetram na minha cabeça. Fazem uma lavagem mais eficaz do que cerveja.
Sinto vergonha. Parece que como em minha adolescência, ninguém vai me entender. E parece que isso permanecerá assim.

Eu pensei ter ouvido você rindo
Eu pensei ter ouvido você cantar
Eu pensei ter visto você tentar

(intercalado com a letra da música losing my religion da banda R.E.M.)

domingo, janeiro 13, 2013

13/01/2013

     Depois de certo incômodo no momento em que digo "(...) Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica (...)" na oração do Credo, por tantas coisas enfiadas em minha cabeça no decorrer da vida escolar/acadêmica sobre a Inquisição, agora posso ter o maior orgulho em dizer que a Igreja, que eu não tinha dúvidas que é Santa, assim é. E sem nenhum incômodo.
     Isso se deu depois de ler algumas coisas em lugar mais confiável. Sem contar amigos que já tinham dito que o que aprendemos em história lá no ensino "fundamental" sobre a Inquisição é balela. 
Se no próprio campo de história muitos ainda insistem em não pesquisar a fim de descobrir o que realmente foi a inquisição... Como posso, eu, querer que derrubem séculos de história mal contada?
    Como a gente tarda mas alcança, finalmente me coloquei aberta a ler sobre isso. E ainda quero debruçar muito mais sobre isso. Enfim, li uma tradução do texto "A Inquisição" por Thomas F. Madden, um grande historiador.
     A ideia da vez não é dizer o que foi e o que não foi a Inquisição, mas tentar de alguma forma te encorajar a pesquisar, caçar mesmo, o que te incomoda, o que não desceu pela sua garganta ainda na história. É por isso, por não procurar saber, que muitos brasileiros continuam fazendo certas "burradas" como (exemplo de costume) seus votos nas eleições.

image from google images

     Como li também e sempre escuto um querido professor dizer: "Uma mentira contada mil vezes se torna verdade."