terça-feira, março 08, 2011

08-03-2011

Augusto dos Anjos



Idealismo


Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.

O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!

Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?!

Pois é mister que, para o amor sagrado,

O mundo fique imaterializado
- Alavanca desviada do seu fulcro -

E haja só amizade verdadeira

Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário